segunda-feira, 26 de junho de 2017

A Carta Que Nunca Te Escrevi ou a Simples Confissão do Meu Maior Crime (Parte I)

Fui sempre teu, em qualquer dia ou hora, no sorriso dos teus olhos, no imaginário da tua juventude, na tua beleza afrodisíaca e no desejo de cada um de nós.
Sempre ou soubemos, sempre o pretendemos ignorar por uma questão ética e social - eu pelo menos fi-lo insistentemente - ou por simples burrice.
Sinto-me por isso um ignorante por ver que a vida me está oferecer tudo aquilo com que sonhei, está a oferecer-te a ti... ou a oferecer-me a possibilidade de ser teu, de te descobrir como se descobre um continente ou uma recôndita ilha deserta.
Será assim tanta a minha sorte que a desprezo pela simples e confusa dúvida? Bem, se assim é, temo ter mais uma vez errado no juízo que faço das oportunidades que tenho - já perdi tantas que o corpo já se habituou -, que me são dadas.
Teimosamente mantenho a dúvida, a ignorante e desprezível dúvida por duvidar de mim próprio, de te deixar desamparada, de olhar fixo e contemplativo perante esta minha triste ausência, perante a estupidez de culto que me percorre as entranhas... são só erros, eu sei, mas não tenho quem me ajude a corrigi-los e por isso peço-te a ti ajuda, ajuda que pago com ajuda, amizade, amor, sentimento, fidelidade, carinho...companhia.
E assim te deixo aquele beijo que nunca pude saborear, aquela lágrima que nunca te deixei secar.